só me resto à tarde
num pedaço qualquer de folha
numa pétala caída ao chão
esperando com a chuva a salvação...

preso entre quatro paredes
ele era o que escrevia

o homem de papel...

regina ragazzi

na quietude da manhã
um pensamento vaga
entre nuvens e pássaros
Porque também criou asas...

de pôr em pôr
me ponho ao sol
de todas as horas...

insossa...

poesia rasa - 
criar, sem asas...

que o Agosto chegue ao meu gosto e acabe de vez com aquela antiga frase de que Agosto é o mês de desgosto. Eu gosto!!

a máquina dos sonhos apita lá lonnngee...
hoje, vou prá onde??

tudo finda pra depois ser (IN)finito...

Hoje eu to p da vida
PQP!!!!

a tarde finda em azuis
tão lá fora,
tão cá dentro...

ah, que saudade...das saudades que já tive...

outono... só de passagem...

será? será?
que não vou me outonizar!??

não sei por que
este ano estou me sentindo mais primavera...

o que mata na matemática

é que ela é muito exata...

.
descabido olhar 
que não me cabe nos olhos
Nos meus florescem margaridas
nos teus, só vejo feridas...

só acordo quando abro a janela
e me deixo sair por ela...

0:00 hora
hora nenhuma
nem um segundo a menos
nenhum segundo a mais
é zero... é vazio...
e sendo assim ,tanto faz...

enquanto pensava
perdi a palavra
o instante só ficou no flash...

roubam-me as manhãs
essas horas que correm desvairadas
nem bem acordei,
quase já tenho que almoçar
em dias de outono 
melhor mesmo é madrugar...

então outono-
e esse meu pedaço flor já despetalando...

tenho medo da noite
dos fantasmas que moram em mim
dos silêncios que vêm de fora
e dos gritos que saem de dentro...

coisas pequenas

Até uma formiguinha
pode alegrar meu dia...

gosto de colorir de azuis teus olhos
com meu lápis de descolorir abismos...

lonjura é muito mais que longe
é muito mais que distante...
entre nós é infinito.

outono tímido
vem chegando de mansinho
ainda ofuscado por um sol ardente
de um verão que não quer ir...

onde está aquela menina
de vestidinho cor-de-rosa
laço de fita nos cabelos
coroando nossa senhora??

tua palavra é cal
que escorre à primeira chuva
e cai ( branco- encardida)
num ralo qualquer da t'ua vida....

... e debaixo da janela
a voz da consciência
num monólogo gritante
Um pedaço de cada um de nós
se doía inteiro
Juntos varávamos a madrugada
nesse pesadelo...

meia-noite e um...
um tanto de chuva lá fora
outro tanto aqui dentro
nesse quase abril
onde me fecho até setembro...

aprofundam-se os vincos
na face da saudade...
seu rosto envelhecido
guarda um sorriso antigo
(exposto em preto e branco)
num retrato, na parede do quarto...

regina ragazzi

fui lá fora olhar o outono
ouvir os cachorros que ladram
aguar os vasos de flores
procurar passarinhos nos galhos
olhar o céu...ah!!!...olhar o céu!!!
por tempo indeterminado...

Tudo porque hoje é SÁBADO!!!!

sê sábio...
capta o silêncio
que te leva o vento
escuta...

dorme o teu sono
não te preocupes com os meus olhos abertos
também estou sonhando...

clareasse o dia nesses teus olhos
e eu beberia neles uma nesga de sol
(suficiente para clarear os meus)
os meus olhos, o meu dia,
e trazer de volta um sonho dourado
caído (há muito) num abismo...

hoje me virei do avesso
e não consegui me desvirar...

palavras me atingem
silêncios me desgovernam
a noite me anula
por eu não saber ser...

Outono

... e porque tudo me assemelha, me espelha...
desde a primeira folha que nasce à última que cai...

não ousa quebrar 
o encanto desta dor
e transformá-la, outra vez
em amor...

enfim outono!!!
essa manhã amena
o verde mais verde, 
o vermelho... o amarelo
e o cinza...
enfim eu!!!
me encontrando
nesta paisagem que me espelha...

Quero pra mim essa quentura da palavra
que sai da alma até chegar à boca
Que ela ignore os caminhos frios e escuros 
(Caso ela os percorra)
E chegue a mim ainda desabrochando flores...

que gelo não derreteria com esse sol de meio-dia nos teus olhos??

para escrever um poema

da noite recolho esse silêncio

e um punhado de estrelas

para escrever um poema amanhã.

deixo o perfume

e o orvalho da flores,

esse pedaço de lua

que certamente inspira algum poeta

nesse momento.

levo um pouco de brisa também,

mas deixo o vento...

acho justo dividir os elementos!

mas não me roubem esse silêncio,

nem as estrelas, nem a brisa

prometo...

devolvo tudo amanhã 

até o meio-dia...

viagem...

mel
céu 
estrelas...

... e a minha língua a invadir teu mundo....

a parte...o todo...o tudo...

como dar conta de se descobrir?
quem entende esse mundo dentro de nós?
quem pode dizer do que perdemos
do que sentimos... do que vivemos...
nossa fala é cheia de profundas pausas
o que a gente diz são apenas fragmentos
de histórias
somos pedaços de filme cortado
e remendos feitos de sonhos
o que é real... o que é imaginário?
tudo pode ser de repente, ao contrário

ser pássaro..

queria tanto voar
e voou...
mais longe que 
onde imaginou alcançar
mais cedo do que esperava voar...

...e  quando fixo meus olhos no negrume do teu olhar
sinto-me vagar num céu de não existir...

enquanto gritam multidões

eu permaneço distante

olhando em outra direção

e também grito

mas meu grito só eu escuto

não somo, não subtraio

não multiplico, nem divido

só grito

(mudo)

despercebido...

andam cansadas essas mãos de agarrar vazios
andam pesadas, de tantos nadas...

tamanha saudade

mais uma  vez
aquela voz de não dizer
aqueles olhos de não ver...

coisas...

um rio

uma jangada

uma sombra

uma morada

uma árvore

uma estrada

uma terra

uma semente

um sonho

de repente ...

aos meus olhos
uma manhã perfeita de cinza
de neblina
de cores
de verde
de pássaro
borboletas... asas..
.meus passos
cabelo molhado
alma lavada...

é chegado o sol
as sombras se recolhem tímidas
por sobre as copas das árvores
não mais se expandem
a luz dourada vai preenchendo
todos os espaços
e todos os passos que
por ali passam...

e o caminho prossegue em seus traços...

05:00 da manhã
me perco em sonhos
neste céu de outono...

no quarto escuro
acende o pensamento.
onde apaga??

fantasmas...fantasmas...
de dia eu juro
que eles não existem...

carnaval:
cores - as do jardim
canto - dos passarinhos
é só folia ...

à margem ...

nas horas... vaga...

vagueia  solitária

perdeu a barca

não navegou

ficou só à margem

não teve coragem

e a barca zarpou...

céu...precipícios
chão ... escadas
pés...asas...

olhos d'água

lagoas...mágoas

mas só os olhos

coração... nada ...

onde passava um rio
agora nada mais passa
morreram os peixinhos
secaram as águas...

não sei os outros
mas eu prefiro a faca ao alfinete.
detestaria ficar toda furadinha...

desdobra-se até não poder mais
mas sempre fica uma dobra
que não lhe é capaz...

verso reverso

a palavra que emudece
a cor cinza sobre o azul
as cortadas asas do pássaro
o pesadelo sobreposto ao sonho
a face desfigurada do amor
o ódio... a mágoa...

passa a tarde 
e passo eu 
seguindo seus passos ..
juntas findamos o dia 
desvestindo-nos de sol ...

anoitecemos ...

dos amanheceres de ontem 
me lembro de sóis e jasmins
ainda sinto o perfume das flores
impregnado em mim
uma lembrança doce
de sonho de menina...

dispenso essa palavra anêmica
que sai da minha boca
falta cor nessa palavra, falta viço
falta nela todos os sentidos
adoece a palavra em minha boca
e eu nem me dei conta disso...

ontem uma tarde me visitou e trouxe a lembrança de uma dor...

Benditas todas as Marias
que têm cheiro doce nos cabelos...

o que procuramos
perdidos olhos na noite
se a noite é tão escura???

dedo...pele...
seda... veludo...
e essa lua alvorescendo os lençóis...

horizontes...

ao longe uma tênue linha
separando azuis e cinzas
atrevo-me apenas aos tons de azuis
(mesmo os mais escuros)
dessa linha não passo..
...mesmo que eu seja um pássaro...

dormem sonhos na janela
coladinhos à vidraça
ah! os sonhos sonham quebrá-la...

morro...não sei o quanto
replanto-me... de quando em quando...

desses sonhos que me caem à boca

sinto um gosto doce...vez ou outra

de um beijo que um beija-flor me roubou...

o silêncio que me amanhece
é o canto primeiro
um pré-canto
(um preparo)
para o canto de pássaros...

... e a madrugada se alonga
(aos olhos que não dormem...)

fora de alcance
os onde e os quando divagam...

manhã
tão cinza e tão fria
(e essa neblina)...

sob esse manto
o verde e o canto...
... me causam espanto...

eu, pequena ainda
acordar de novo em seus braços
seria o máximo...

a noite é dos lobos
das luas cheias
e dos cios...

pássaro
passado
passou
seu canto ficou...

o mar
o rio
o lago
o córrego
a poça
a gota secando ao sol
...e era tanto azul...

acordo com canto de aves
rezo uma ave maria
eis que começa meu dia...

ontem
passei debaixo de uma árvore que cantava...
outras pessoas passaram também
mas acho que só eu reparei
(que a árvore cantava)...

gosto quando pousas

estes teus olhos-ave

nos meus olhos ave...

dista!
tudo combina
a cor gélida
a falta de água
a falta de arrrr
as sombras confirmam
não há acolhida
dista!dista!!dista!!!
                               sol!?? nem pensar...

pressinto na noite um sol de amanhã chegando...

um lápis sem cor
desliza pelo papel
escrevendo um poema
que ainda não veio...

... e a cortina branca ensaiava um adeus
toda vez que o vento a balançava
e encenava
e acenava
e desistia toda vez que o vento parava...

aconteceu uma canção em meu peito
de leveza singular
guardo-a.
em cada acorde há um verbo silencioso
e assim permanecerá
eis a beleza dessa descoberta...

Sóbria!? que nada!!
um gole de vento já me embriaga...

0:00 hora
tudo se encaixa nesta noite líquida
as nuvens... meus olhos...
...e esse cheiro de saudade...

não me engana este teu sorriso
esgarçado nos cantos da boca
sorriso (entre)cortado...em tons vermelhos
sorriso palhaço:.. Sorriso sarcasmo?...
teu riso chora nestes teus lábios,
eu vejo...

debruço-me em teus olhos
esta janela sempre aberta à vida
descubro belezas ainda por mim não vistas
Tu...aqui tão perto
e eu tão à margem destes olhos teus...

chuva...pássaro desatinado
que canta em minha janela
e me rouba o canto manso
de outros pássaros
temporais...
às vezes somos tão iguais...

o pássaro azul traz
a aurora em seu bico
(e todo o sol que ele tragou)
e deposita na boca da flor...

um vento esquálido
caminha pela noite
num assobio pálido
com a mão no bolso

não quis ventar
sequer quis ser brisa
um vento tristonho
quase à mingua

Tragou-me o sol

e tudo ficou assim-

tempero de cor

calor em mim...

se eu fosse flor... ah, se eu fosse flor!
mas eu não sou...
e isso faz toda diferença entre eu e ela
entre os meus quereres e os quereres dela...

abrigo um sonho no meu verso
e lhe dou asas quando amanhece...

todos os rubros me encantam
os que choram, os que cantam
os que perfumam, os que sangram
os que sofrem, os que se apaixonam
os que queimam...

líquida.... a tarde se escoa em azuis...

o que em mim suspira
vem destes teus olhos
de anjo e demônio
e das promessas neles escritas
(que nunca serão cumpridas)
Mas...ai...como é bom...

nem todas as manhãs cantam doce os passarinhos
nesse ouvido vez por outra doente de surdez...

eu vi, na madrugada,
um sonho pular a janela
e brincar na calçada...

tenho um lado de morar no escuro
de plantar espinhos no lugar de flores
de deixar crescer ervas nos muros...

que a noite dure apenas o tempo que a noite dura
tenho sede de sol...

ecos-
na ponta do galho
ficou dependurado
o último verso
do canto de um pássaro...

entre a minha boca e a tua
há um instante de espera
um tempo que não se completa
entre o tempo e a boca
um duelo silencioso
a calma e a urgência
em nossas bocas...desejo
distante de nós... o beijo...

de que se veste hoje o teu olhar?
ainda cegos estes olhos de enxergar?

sombras, mãos, ventania
sol clareando o dia.
a mãe e a menina...

saudade é uma dor fininha que a gente sente toda vez que respira...

quando já desperta
esses sonhos me vêm pela ponta dos dedos
borrando o papel com cores imprecisas
me lembro da veia, do sangue correndo
faço um desenho no ar
visão única que meus olhos roubam 
de dentro de mim em algum lugar...

a cada momento um novo respirar
mil tentativas, breve sonhar
e a vida lá fora pulsando sem parar...

os lábios na intenção do beijo
colam-se à boca inerte e fria no retrato
Passado...
ela o viu sorrir dentro do quadro...

distraio
e no meu peito aberto
um pássaro faz seu pouso
(momento raro)

meu travo começa no umbigo
por isso essa falta de jeito
essa falta de ser
essa falta de arrrr!!
o que está dentro conservo comigo
a ponto de me sufocar
de onde trouxe
é pra onde vou levar...

entre o cinza e as cinzas
me azula o canto de um bem-te-vi...

tal e qual faca afiada
tua língua me retalha...

o frio colado à vidraça
é o mesmo que me atravessa a espinha
...na madrugada...

madruguei um pássaro na minha boca
e fiquei à janela cantando,
amanhecendo as flores...

de quem é essa gota que resvala sobre a linha
é tua ou minha?
a primeira ficou presa (entre nós)...

nas (entre)linhas dos meus sonhos
dormem borboletas
descansam pássaros...

já é tarde
não deu tempo de prender o tempo em minhas mãos
ele se foi... 
e eu fiquei assim (em pausa)
tentando entender esse oco que ele deixou
por mais que eu o tente preencher
o oco oco ficou...

de longe
(não sei bem de onde)
um silêncio cantou pra mim...

faltava sol àquele olhar
faltava riso
subir no pé de manga
nadar no rio
deitar na terra
conversar com os bichos
faltava ser "de novo" menino

aquele olhar caiu no abismo...

na ponta dos pés a sapatilha
seria borboleta, não fosse bailarina
seria flor, não fosse menina
seria só verso, não fosse (inteira) poesia...

tarde de domingo:
escoam as horas
finda o dia
a felicidade...pausa!!

criança, o que te atraiu lá em cima?
foram os algodões doces dependurados no céu?

o sono...o sonho...
o mel... e o vinho

(in)consciente olhar ébrio sonhar

ser borboleta ou flor

ser a flor onde pousa a borboleta

            ser a borboleta que pousa na                   flor...

somos unha e carne
às vezes roo-lhe as unhas
às vezes corta-me a carne
mas sempre nos perdoamos 
por estes maus hábitos...

em meus olhos jardim
florescem gerâneos
pousam borboletas
cantam pássaros...

quando dos sóis me engano
e dos sóis, só nuvens,
giram os sóis
e em mim só as(sombras)...

na quietude das horas
avança a madrugada
preguiçosa e morna...

entendo:
ventos
silêncios
flores
folhas-
melhor que pessoas...