tenho como certo
que o que é certo
é duvidoso
é penoso
é enganoso.
e que a minha certeza
não é mais certa
que a de nenhum outro
a palavra é um sopro,
um instante,
um momento
retê-la não faz sentido
quando já uma outra aponta
na ponta da língua
um lado zen
um lado bem
um lado além
um lado aquém
... e um outro lado ...
Quisera guardar as sementes
Como se possível fosse!
Foi- se uma
Foi- se duas
Foi- se três
Ah...Essa foice tão afiada...
conter-se... à duras penas
conter a pena
conter-se apenas
a tarde cai.
ainda há tempo de colher no jardim
um ramo de girassóis
um lugar comum dentro do papel
não faz nenhum pássaro voar
simples assim...
quando cai a chuva
e você está sol
tudo se ilumina
tenho me empenhado
(não juro porque é pecado)
deixar as entrelinhas de lado
quero terminar o bordado.
o rosa e o azul no mesmo vaso
eu e você no mesmo espaço
o domingo floreou no mês de novembro
entre chuva, sol, poeira e vento
uma desarrumação de letras
compõem meus versos
tal e qual me vejo no espelho
falta àquela casa
um canteiro de girassóis
sonhei borboletas tantas
mas acordei e não as vi no meu jardim
a palavra tem peso e medida
na boca que a fala
pra mais ou pra menos.
repara...
entre palmas e cuspidas
vamos vivendo a vida
nesse mundo tão perfeito
o que é errado? o que é direito?
aconteceu assim
de o mar secar de repente
nos olhos dela
e o que era azul
virou cor de terra
a paz reside numa tarde de sons cotidianos
no reconhecimento de um espaço próprio
de um seu lugar dentro do espaço infinito